Kombucha: alternativa biodegradável para substituir embalagens plásticas
2Kombucha, a bebida milenar que se tornou a mais saudável do momento, já conquistou o mundo do bem-estar. E tudo indica que é só o começo!
Fermentada e probiótica, a kombucha é produzida por um processo de fermentação à base de chás verde ou preto (Camellia Sinensis) adoçados em contato com uma colônia simbiótica de bactérias e leveduras, o Scoby (Symbiotic culture of bacteria and yeast).
Com sabor normalmente ácido e adocicado, a bebida ganhou fama por contribuir para o equilíbrio do organismo humano.
Segundo relatos reais, o consumo diário da kombucha auxilia diretamente na melhoria do sistema imunológico, tornando o corpo menos suscetível a infecções, inflamações rotineiras, auxiliando o sistema digestivo, entre muitos outros fatores.
Os processos de fermentação usados para produzir kombucha artesanal levam em torno de 7 a 10 dias dependendo de fatores como clima, temperatura, saúde das bactérias e qualidade das matérias-primas.
Neste período, se tudo correr bem, a colônia inicial de bactérias e leveduras se duplica, originando um novo Scoby, que promete crescer e dar origem a um terceiro, e assim sucessivamente.
O Scoby tem sido considerado por diversas culturas e economias ao redor do mundo, um subproduto da kombucha. Agora também pode ganhar o título de “embalagem do futuro”.
Sócias-fundadoras da marca de kombuchas, SAZ Artesanal, Saionara Pieta e Sandrelly Melo confirmam o potencial do Scoby para criação de diversos tipos de produto.
“Em países asiáticos e até mesmo da América do Norte o Scoby é utilizado na gastronomia, como matéria-prima para produção de cosméticos e roupas, por exemplo. Na SAZ utilizamos cada Scoby da melhor forma possível. Acreditamos que toda energia que depositamos no processo de criação e produção interfere diretamente no desenvolvimento das colônias e consequentemente no resultado das kombuchas”.
“Esse é um dos motivos pelos quais optamos por uma produção artesanal com gaseificação 100% natural, livre de CO2”, completam as sócias.
Para a designer polonesa Roza Janusz, o Scoby, que ao ficar fora de contato com o chá, se torna um tipo de placa de celulose, foi uma inspiração para desenvolver um material que pode ser uma alternativa ao problema mundial de embalagens plásticas descartáveis.
Centenas de milhões de toneladas de plástico são produzidas a cada ano, muitas das quais são de uso único. O impacto desse tipo de plástico descartado no meio ambiente tem sido catastrófico, pois sua degradação pode levar centenas de anos para ocorrer.
Filmes plásticos descartados sem critério acabam em oceanos e rios, enquanto vão se decompondo em microplásticos, que são confundidos com alimento, ou mesmo são absorvidos pelos corpos de animais (inclusive nós) sem que saibamos.
A crescente conscientização global dos danos causados pelo plástico criou uma oportunidade para fazer prosperar a alternativa engenhosa de Janusz.
Enquanto era estudante na School of Form em Poznań, na Polônia, Roza Janusz desenvolveu um método para transformar Scobys em embalagens comestíveis e utilizáveis para alimentos secos ou semi-secos.
Seus protótipos de embalagem foram criados produzindo kombucha, ou seja, permitindo que as bactérias comam os açúcares disponíveis em um líquido, produzindo fios de celulose insolúvel como subproduto.
Com o tempo, o Scoby se transforma em uma membrana gelatinosa, no formato de uma panqueca, sobre o líquido, protegendo o conteúdo. Uma verdadeira tampa viva.
Scoby da kombucha não é plástico nem bioplástico, é celulose pura e pode ser usado como embalagem
Em 2018, a designer fundou o estúdio de biodesign MakeGrowLab com o cientista ambiental Josh Brito, inicialmente para pesquisar as qualidades de seu material. Mas enquanto trabalhavam, diz ela, “Vimos a enorme necessidade de um desenvolvimento comercial do Scoby”.
A “embalagem Scoby” não é plástico nem bioplástico, é celulose pura. Após muitas tentativas e erros, Janusz finalizou sua membrana escalável, semelhante a um filme, adicionando resíduos agrícolas à base de vegetais às bactérias e leveduras. Isso melhorou o processo de fermentação e, ao mesmo tempo, garantiu que seu produto fosse zero desperdício.
A embalagem tem todos os benefícios do plástico, mas nenhuma de suas desvantagens: a textura durável e maleável atua como uma barreira ao oxigênio e é antibacteriana, com uma vida útil de seis meses – que pode ser estendida quando usada em conjunto com certos alimentos ácidos, como nozes, devido ao baixo pH do material.
E, embora não tenha uma aparência muito agradável, depois de cumprir seu objetivo, a embalagem pode ser consumida, pois absorve o sabor do alimento que é usado para embrulhar.
Se parecer pouco apetitoso para comer, tudo bem, pode ser completamente compostado e usado para enriquecer o solo.
A embalagem tem todos os benefícios do plástico, mas nenhuma de suas desvantagens
Apesar do potencial do material de Janusz, o projeto de industrialização é lento. O tempo médio de crescimento por folha é de duas semanas, com altos custos de produção.
A equipe, no entanto, planeja mudar para uma nova instalação de maior escala para iniciar a produção em massa. Enquanto isso, sua experimentação continua. Eles vendem amostras da embalagem online para apoiar suas equipes de pesquisa e desenvolvimento.
Em breve Janusz planeja lançar os primeiros produtos Scoby desenvolvidos com clientes de diferentes indústrias, incluindo têxteis, para demonstrar a sustentabilidade de sua ideia.
O “futuro perfeito”, diz Janusz, é aquele em que as empresas “cultivam” suas próprias embalagens.
Mas um produtor local de embalagens biodegradáveis que reduza a logística e ainda ofereça um produto amigável ao meio ambiente já seria incrível, uma vez que o Scoby pode ser cultivado em qualquer lugar.
Com informações dos sites:
www.medium.com
www.sazartesanal.com.br
Adorei a matéria…como faço contato com a empresa que a criou? Adoraria trocar informações pois sou uma grande incentivadora de projetos sustentáveis e replicáveis (machadobarbosapatricia@gmail.com)
Olá Patricia, vamos lá.
Quem desenvolveu a matéria: Eu (Ricardo Ricchini) https://www.ricchini.com.br
porém, a partir de informações da Roza Janusz: https://www.makegrowlab.com SAZ Artesanal: https://www.sazartesanal.com.br e dessa matéria do Medium: https://onezero.medium.com/kombucha-slime-is-an-edible-solution-to-the-worlds-plastic-problem-d1b87ce3085e