Chiclete, é possível reciclar
0Por Daniel Segantini Vergílio
Mais um item para a lista dos resíduos recicláveis. O Setor Reciclagem acaba de declarar: Chiclete é reciclável!
O grande crescimento populacional torna evidente o aumento do consumo de materiais e a geração de mais resíduos, a necessidade da redução destes últimos é um assunto de extrema importância, pois visa a reduzir os impactos ambientais que já atingem o planeta. Atenção especial é dedicada aos chicletes, pois é bastante consumido mundialmente, o que gera uma intensa deposição de materiais não biodegradáveis nos diversos ecossistemas e por sua vez causa desequilíbrios ambientais.
O chiclete é um material não biodegradável e leva aproximadamente 5 anos para se decompor completamente. Quando descartado de forma incorreta, ocasiona problemas de cunho ambiental tais como poluição dos corpos hídricos e dos solos em grande parte do mundo, sendo que o Brasil é o segundo maior produtor mundial e está apenas atrás dos Estados Unidos.
Trata-se de um projeto que visa a extração dos compostos do chiclete mascado, o qual foi desenvolvido por três alunos da escola técnica Dr. “Adail Nunes da Silva” de Taquaritinga, SP. Os estudantes constataram que mesmo mascado, o chiclete, ainda contém resíduos com potencial para serem reutilizados como matéria-prima em novos produtos.
O principal componente do chiclete é chamado de goma base, uma mistura de borrachas sintéticas e carbonato de cálcio com alguns compostos que ajudam a dar textura e maciez para a mastigação. Além disso há açúcares, corantes e aromatizantes que dão o doce aspecto que todos conhecem. Também há a lecitina de soja que funciona como um emulsificante , “misturando” todos os ingredientes do chiclete.
Cada composto restante como a borracha, açúcar, carbonato de cálcio e lecitina de soja são separados e designados à um processo. Através de simples etapas, a borracha do chiclete é transformada em uma película impermeável que pode ser utilizada como selante na construção civil. O carbonato de cálcio que também está presente no chiclete é extraído e pode ser utilizado para fabricar cal virgem, gesso e até mesmo base para tintas. A lecitina de soja pode ser utilizada para produzir sabão líquido (que faz espuma e tem ação de limpeza) igual ao feito em casa com óleo ou gordura. E por fim, mesmo mascando o chiclete por um bom tempo ainda sobra um pouquinho de açúcar e quando se junta o açúcar de vários chicletes é possível produzir álcool.
A dificuldade em trabalhar com o chiclete reside no desconhecimento de alguns dos componentes da matéria-prima deste produto devido a questões comerciais. Além disso não há nenhum estudo sobre o assunto. O chiclete é uma matéria-prima completamente útil em novos processos, seja em sínteses ou em reutilizações. Por ser um item muito barato, é frequentemente consumido, descartado de forma inadequada e completamente ignorado, pois não há conhecimento sobre o potencial desse resíduo. Mesmo com as pequenas quantidades dos componentes presentes no chiclete, deve-se ressaltar que a matéria-prima pode ser facilmente encontrada em grandes quantidades potencializando a fabricação de novos produtos.
Daniel Segantini Vergílio, 18 anos. Técnico em Química pela ETEc Dr. “Adail Nunes da Silva”/Centro Paula Souza; Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga/SP; Participante da 10º Feira Tecnológica do Centro Paula Souza, como expositor com o projeto “Extração dos Compostos da Goma de Mascar”.