Reciclagem de Plástico no Brasil: Potencial subjugado por interesses
0Números atualizados da reciclagem de plástico no Brasil e um desabafo por ela nunca avançar o quanto gostaríamos
A reciclagem de plástico no Brasil é sempre uma batalha econômico / sócio / ambiental, um campo onde a ação insuficiente empurra consequências para o ecossistema e a saúde pública. No Brasil, apesar da crescente conscientização sobre a importância da sustentabilidade, o país ainda patina em números que revelam uma realidade desanimadora.
O índice de reciclagem de plástico pós-consumo no Brasil é de 25,6%, um número que, embora represente uma parcela significativa, fica aquém quando comparado aos 40% alcançados pela União Europeia. Esta discrepância não é apenas um dado estatístico, mas um reflexo das muitas falhas sistêmicas e da falta de vontade política para implementar mudanças profundas.
Em 2021, 23,4% dos resíduos plásticos pós-consumo foram reciclados. Enquanto a pesquisa que mostra esses números, encomendada pela ABIPLAST e a petroquímica Braskem, afirma haver crescimento nos índices de reciclagem de plástico, quem acompanha o crescimento da reciclagem quase que num ato de fé, vê uma lentidão que revela a inércia das políticas públicas, e a resistência de setores econômicos que veem na reciclagem não uma oportunidade, mas um ônus.
O Brasil, que gera 3,44 milhões de toneladas anuais de resíduos plásticos, enfrenta o desafio colossal de transformar este passivo ambiental em um ativo econômico e social.
A reciclagem de plástico no país demanda apenas cerca de 10% da energia empregada no processo primário de produção deste material. Este fato evidencia a eficiência e a viabilidade da reciclagem, que poderia ser uma solução energética e ambiental para a nação. No entanto, a grande variedade de tipos de plásticos constitui um dos empecilhos técnicos para o avanço desta prática.
Até quando a reciclagem de plástico no Brasil será refém de interesses egóicos?
A falta de padronização e a complexidade na separação dos materiais são fatores que, de uma forma ou de outra, colaboram para a passividade e a falta de investimento em tecnologias de reciclagem.
Perante esse cenário, é inegável que o Brasil possui um potencial imenso para liderar iniciativas de reciclagem no cenário global. Contudo, esse potencial é constantemente minado por interesses políticos e econômicos que priorizam o lucro imediato em detrimento da sustentabilidade a longo prazo.
Os números da reciclagem de plástico refletem não apenas uma realidade ambiental, mas também uma escolha social e política. É hora de reconhecer que cada ponto percentual não alcançado na reciclagem é um passo a mais em direção a um futuro insustentável. E a pergunta que fica é: até quando o progresso será refém de interesses egóicos que enxergam na reciclagem um obstáculo, e não uma ponte para o futuro?