Combatendo o desperdício de alimentos
1Temos uma seção importante, no site Arte Reciclada, chamada Receitas sustentáveis. Trata do aproveitamento integral dos alimentos, cujas sobras não deveriam ser descartadas. Um dos motivos é que, na maioria das vezes, a melhor parte dos nutrientes de frutas e verduras está em sua casca ou nos talos. Outro motivo: o descarte de restos de alimentos é boa parte do lixo residencial.
Antes, o resíduo doméstico era composto por restos de comida. Hoje, o cesto de lixo é destino de embalagens, pilhas e papeis. A culpa é do avanço tecnológico ou de uma sociedade sem valores definidos, onde tudo é facilmente jogado na lata de lixo? As pessoas terão que repensar o que comem, o que cozinham, o que consomem, ou seja, colocar o meio ambiente com a prioridade necessária. A responsabilidade da administração pública é incentivar programas de coleta seletiva e educação ambiental.
Você não vê, mas a geração de lixo cresceu a uma taxa quase cinco vezes maior do que população, entre 2010 e 2014 – 29% contra 6% –, segundo dados da Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
Se depender das leis…
O plano do governo, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, implantada em 2010, era que os lixões, onde catadores trabalham em condições subumanas, fossem fechados até agosto de 2014. Mas eles seguem operando em mais de 3 mil cidades no Brasil. Era a lei, mas no ano passado o Congresso aprovou uma prorrogação nos prazos, que variam de 2018 a 2021,de acordo com o porte do município.
Apesar de os deputados aprovarem a alteração da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a presidente Dilma vetou a medida provisória em novembro de 2015. Dessa forma, todas as prefeituras que mantém lixões estão em desacordo com a lei e sujeitas as penalidades previstas, como processo administrativo, multas, Inelegibilidade e até pena de prisão. Duvido que alguém vá preso, mas você pode ajudar, denunciando como inelegível para as próximas eleições o prefeitos da sua cidade, caso mantenha lixões em funcionamento.
Voltando aos alimentos
No momento em que uma fruta não consumida vai para o lixo, além dos nutrientes, também se perde o trabalho do agricultor – da irrigação à colheita – e da logística – transporte e armazenamento. 45% das frutas e vegetais produzidos do mundo são desperdiçados, segundo a FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.
Enquanto na América do Norte o desperdício ocorre muito mais na última fase – frutas com aspecto inadequado são descartadas – a América Latina perde a maior parte de suas frutas e vegetais logo no início da produção – falta de conhecimento e estrutura. Quase a metade da produção agrícola vai para o lixo, segundo a FAO. O desperdício alimentar dos países industrializados chega a 1,3 bilhão de tonelada por ano, suficiente para alimentar a todos os famintos do mundo.
Diante de um cenário, que vai do descaso ao desconhecimento, as pessoas começam a se mexer contra o desperdício de alimentos. Afinal, quem é a favor de jogar na lata do lixo a comida que mataria a fome da população mundial?
Exemplos no mundo
A França quer reduzir seu desperdício pela metade até 2025. A partir de julho de 2016 os supermercados com mais de 400 metros quadrados não poderão jogar produtos perecíveis no lixo. Outro ponto importante da lei será a criação de programas de conscientização nas escolas para reduzir o desperdício de alimentos, já que em média, um francês joga fora 20 quilos de alimento por ano.
Em Portugal, a engenheira ambiental Isabel Soares criou uma cooperativa de consumo econômico, que compra dos agricultores produtos que não entram no circuito comercial por conta do tamanho ou aparência. O nome do projeto? Fruta Feia. Enquanto pesquisadores defendem uma taxa contra o desperdício de alimentos, Isabel prefere contestar a estética atual: “Não é bonito este limão em forma de pera?”
Exemplos no Brasil
O Nordeste brasileiro está encontrando maneiras criativas de combater o desperdício na produção, criando pequenas fábricas de polpas congeladas, usadas para fazer sucos, doces e outras receitas. Assim, aproveitam-se delícias que não tem condições de brilhar na gôndola do mercado. Como resultado, as famílias têm uma nova fonte de renda e o desperdício tende a diminuir nos próximos anos.
No sul do país, um movimento recuperou mais de 300 kg de alimentos que seriam jogados no lixo. Sete chefs fizeram cerca de 1,5 mil refeições distribuídas gratuitamente no Parque Farroupilha, em Porto Alegre. A ideia é chamar atenção para a sustentabilidade e para o aproveitamento integral dos alimentos, além de alertar para a questão do descarte de lixo.
Em São Paulo foi inaugurada a primeira central de compostagem do programa Feiras e Jardins Sustentáveis. O objetivo é evitar que frutas, legumes e verduras, coletados nas feiras livres de São Paulo sejam descartados em aterros sanitários. Pelo projeto, o material será reciclado e transformado em adubo ecológico. O equipamento servirá de referência para outros pátios e quatro centrais de compostagem que estão prometidos para 2016. Localizado em uma área de três mil metros quadrados na Subprefeitura da Lapa, o pátio piloto vem recebendo cerca de 35 toneladas semanais de resíduos orgânicos, coletados em 26 feiras da região.
Essa matéria pinça apenas alguns poucos projetos de tantos que estão pipocando por aí, mas mostram as sementes que estão sendo plantadas na direção de um mundo que tem fome, ao mesmo tempo que não consegue gerir tantos resíduos alimentares.
Fontes de pesquisa
Acontece em Brasília
El País
G1
muito bom me ajudou muito em minha pesquisa e eu super concordo com tudo